Vi um homem estendido no chão da rodoviária. Muitos passavam apressados pelo local. Num primeiro momento achei se tratar de um atropelamento, que um daqueles ônibus com seus motoristas ensadecidos pela pressa dos horários a cumprir passou por cima do pobre coitado que ali, de uniforme de camisa e calça azul desbotada aparentava ser um motorista ou cobrador.
Um diálogo mais que possível entre dois transeuntes costumazes da rodoviária noutro dia:
- Quem morreu ontem?
- Não sei... Alguém conhecido meu? Diga-me, por favor!
- Não, um homem na rodoviária...
- Ah, não lembro... Como foi?
- Normal.
Mas o homem se mexe. Na verdade sua mão procura algo. Fico feliz por ele não estar morto. Fico grato pelo bombeiro que chamou e aguardava o resgate. Fico aliviado com a ambulância que sobe pela calçada a cortar caminho.
E o semáforo fica verde, e eu prossigo para as minhas escolhas, pagando os seus preços, sem medo do fim que inevitavelmente virá.
Mais adiante, cá com meus (vários) botões, refleti melhor o quão trágico carreguei o ocorrido :
Dizem que morrer é uma tragédia. Bobagem! Acredito que não saber viver é que é trágico e que morrer deve ser sempre considerado um fato natural, mais do que certo e inevitável. Mas veja bem, com isso não digo que uma morte bestial e brutal num acidente de trânsito é algo natural. De modo algum! Explico: a morte é sempre natural, mas as condições e circunstâncias que vitimam as pessoas é que são anormais ou trágicas. São as pessoas que fornecem adjetivação à morte.
* Texto de Roberto W.
ei bunito, veja as fotos do meu casamento :) to indo semana que vem pra Califa :)
ResponderExcluir