Abyssus abyssum invocat

Talvez o ponto máximo dessa criação seja justamente o entendimento que para uma vida plena basta apenas aceitar que uma vida já é o suficiente.

Abyssus abyssum invocat Abyssus abyssum invocat

Profissão de fé

O peso do crucificado é a medida do sofrimento por todos os seus pecados. Sentia o mundo se distanciar a cada conta rezada pelos seus. Pesava ele cerca de trinta talentos: o peso de Judas.

Profissão de fé Profissão de fé

Três ceguinhas

Escuridão: escuro do escuro do escuro. Preto no preto no preto da etrinidade das turvasnegras seispupilas ocas pareadas para sempre. A pessoa é para aquilo que nasce.

Três ceguinhas Três ceguinhas

ένδοξο θάνατο

Como gados aguardando o momento inclemente do abate estancamos no tempo, talvez esta seja a hora das nossas vidas, o ápice de nossos destinos mortais...

ένδοξο θάνατο ένδοξο θάνατο

Glamour

Da perdição da menina-moça ao claustro vazio da puta-velha, apenas a aceitação de um destino dominus.

Glamour Glamour

17 de abril de 2009

O filho pródigo


- Abandonei tudo o que consegui até então, esqueci de todos que um dia amei, abri mão dos desejos e vontades que tanto cultivei em minhas andanças por esse mundo, e assim tornei-me um receptáculo vazio de mim mesmo e dos caprichos alheios também! Isto bastou-me?


(...)

- Somente assim tornastes quem tu és verdadeiramente!

- Pelas tuas perdas e derrotas todas nesse mundo de ilusões e interesses experimentastes o verdadeiro licor do seio desse mundo, e surpresa: é insípido e decepcionante como tudo o mais! Vê: a única liberdade que conseguistes através de tua empresa foi tão somente a mais patética negação de tudo que existe. Pior: tua mais profunda negação nunca cessou a existência do que abandonastes, esquecestes ou deixastes, tudo permaneceu em destinos outros e com outros. 


- Você não era tão imprescindível assim, meu caro, e tão pouco o mundo se deu conta de sua malograda fuga!

- A liberdade em que querias viver não era mais do que as sombras distantes e distorcidas de tuas correntes de antanho que tanto supunhas odiar. A liberdade que conseguistes era, sim, a mera ilusão de uma falta de comprometimento consigo mesmo e com o mundo, era a irresponsabilidade ocioso do nada mais interessar, era a procrastinação eterna do porvir, era a covardia da criança pela repreensão do adulto, era a resposta errada de uma pergunta equivocada. Essa liberdade que sustentastes tão tragicamente em seu íntimo sempre foi um desbotado e esfarrapado estandarte à fraqueza de teu espírito.

- Do mais promissor dentre todos, foi-se posto a fragilidade de tua categoria às intenções metafísicas de teus supostos 
sempregloriosos empreendimentos futuros.

- Por quê se preocupar se tudo se arranja sempre tão bem? Sabe: pouco se poderia fazer diante do inevitável encontro com seu destino 
semprefabuloso: é impossível que tudo não se converja na absoluta perfeição dos desígnios superiores nos quais fora ungido semprecedo: era questão apenas de se esperar um alinhamento cabalístico semprepróximo acontecer: sim!

- O inevitável encontro cósmico conformou-se, em verdade, num inevitável 
semprereencontro de ilusões revividas e realimentadas num sempreredemoinho de desesperanças secas de uma vida helicoidal vazia de si mesma, ôca de um significado sempresonhado e sempreperdido.



...quão parece fumaça teus verdes campos,
quão parece desejos de desejos de desejos...
e somente assim tornastes quem tu és:
(...)

- Da liberdade experimentada resta o ranço amargo de minha desilusão e de minha vergonha. Mais de uma do que de outra, é verdade. Nunca bastou-me a promessa, mas o merecer, agora compreendo que me resta não mais a etérea liberdade - impossível e desnecessária -, e nem a quero mais, mas a liberdade das escolhas a serem conquistadas por mérito próprio. De fato, quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar basta, assim como, em meio à prosopopéias errantes me bastará o 
sim! da certeza do fazer e do conquistar.

Sim! Recomeçar é comigo mesmo!

* Texto de Roberto W.


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