- Abandonei tudo o que consegui até então, esqueci de todos que um dia amei, abri mão dos desejos e vontades que tanto cultivei em minhas andanças por esse mundo, e assim tornei-me um receptáculo vazio de mim mesmo e dos caprichos alheios também! Isto bastou-me?
- Somente assim tornastes quem tu és verdadeiramente!
- Pelas tuas perdas e derrotas todas nesse mundo de ilusões e interesses experimentastes o verdadeiro licor do seio desse mundo, e surpresa: é insípido e decepcionante como tudo o mais! Vê: a única liberdade que conseguistes através de tua empresa foi tão somente a mais patética negação de tudo que existe. Pior: tua mais profunda negação nunca cessou a existência do que abandonastes, esquecestes ou deixastes, tudo permaneceu em destinos outros e com outros.
- Você não era tão imprescindível assim, meu caro, e tão pouco o mundo se deu conta de sua malograda fuga!
- A liberdade em que querias viver não era mais do que as sombras distantes e distorcidas de tuas correntes de antanho que tanto supunhas odiar. A liberdade que conseguistes era, sim, a mera ilusão de uma falta de comprometimento consigo mesmo e com o mundo, era a irresponsabilidade ocioso do nada mais interessar, era a procrastinação eterna do porvir, era a covardia da criança pela repreensão do adulto, era a resposta errada de uma pergunta equivocada. Essa liberdade que sustentastes tão tragicamente em seu íntimo sempre foi um desbotado e esfarrapado estandarte à fraqueza de teu espírito.
- Do mais promissor dentre todos, foi-se posto a fragilidade de tua categoria às intenções metafísicas de teus supostos sempregloriosos empreendimentos futuros.
- Por quê se preocupar se tudo se arranja sempre tão bem? Sabe: pouco se poderia fazer diante do inevitável encontro com seu destino semprefabuloso: é impossível que tudo não se converja na absoluta perfeição dos desígnios superiores nos quais fora ungido semprecedo: era questão apenas de se esperar um alinhamento cabalístico semprepróximo acontecer: sim!
- O inevitável encontro cósmico conformou-se, em verdade, num inevitável semprereencontro de ilusões revividas e realimentadas num sempreredemoinho de desesperanças secas de uma vida helicoidal vazia de si mesma, ôca de um significado sempresonhado e sempreperdido.
quão parece desejos de desejos de desejos...
e somente assim tornastes quem tu és:
- Da liberdade experimentada resta o ranço amargo de minha desilusão e de minha vergonha. Mais de uma do que de outra, é verdade. Nunca bastou-me a promessa, mas o merecer, agora compreendo que me resta não mais a etérea liberdade - impossível e desnecessária -, e nem a quero mais, mas a liberdade das escolhas a serem conquistadas por mérito próprio. De fato, quando não se sabe para onde ir, qualquer lugar basta, assim como, em meio à prosopopéias errantes me bastará o sim! da certeza do fazer e do conquistar.
- Sim! Recomeçar é comigo mesmo!
* Texto de Roberto W.
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